Metais pesados em ambientes urbanos na Amazônia

Anderson Lages

Por Dr Anderson Lages

Metais pesados em ambientes urbanos na Amazônia é um artigo que mostra sobre a questão desses metais tóxicos na região de Manaus. Os metais pesados (ou metais tóxicos) possuem esse nome por conta do seu peso atômico, geralmente com quantidade de prótons no núcleo acima de 25. Além disso, acrescente-se que esses elementos têm massas de unidades atômicas acima de 50. Esses fatores contribuem para que esses elementos, embora em baixas quantidades, sejam pouco móveis e se acumulem no ambiente. Então, nós poderíamos afirmar que esses elementos são pouco lixiviáveis por conta do seu peso atômico.

Por outro lado, a Amazônia é reconhecida por ser um ambiente altamente dinâmico, com ciclos biogeoquímicos bem conhecidos. Nesse contexto, os metais pesados não fazem parte desses ciclos de forma natural e espontânea. Já que há poucas áreas de exploração desses materiais, exceto em algumas regiões de jazidas no Estado do Pará. Ou seja, exploração de ferro, alumínio, ouro e outros materiais contribuem para o aumento de metais pesados na região. Exatamente por isso, o Estado do Pará já se notabiliza pelas grandes faixas desmatadas pela indústria da mineração.

A questão dos metais pesados em Manaus

A maior economia da região norte se encontra no Estado do Amazonas. Quase 90% dessa economia é sustentada pela Zona Franca de Manaus que é uma área de livre comércio. Mas que é assentada em uma rede de centenas de empresas apoiadas em um polo industrial.

Entretanto, essa economia não se desenvolveu alicerçada em um desenvolvimento sustentável, onde vários trabalhos realizados na capital Manaus. A princípio, estudos já apontam para um aumento da contaminação por metais pesados em corpos de água da cidade. Dessa forma, identificaram-se altos teores de metais como cádmio (Cd), chumbo (Pb), zinco (Zn) e até mercúrio (Hg) na região. Assim, a flora e a fauna já se encontram contaminados principalmente os ambientes aquáticos.

Contudo, um evento importante se destacou nos últimos anos nos igarapés de Manaus: o efeito da diluição/precipitação. Esse efeito já foi, inclusive, relatado nas águas do rio Negro, na orla da cidade de Manaus. Há fortes indícios que os metais pesados “somem” das avaliações ambientais quando analisadas em locais de grande volume de água.

Dessa forma, pode-se sugerir que há muitos locais em corpos de água da Amazônia, sobretudo, em ambientes urbanos, em que há sumidouros de metais pesados. Igarapés como Mindú e do Quarenta, em Manaus, têm muitos pontos dos seus percursos em que os metais decrescem de forma abrupta as suas concentrações. Do ponto de vista técnico, esse fenômeno está associado a duas coisas: à precipitação/diluição e à complexação dos metais.

Um pouco da química dos metais pesados no Igarapé

Em princípio, o fenômeno de precipitação/diluição dos metais pesados nas águas de igarapés de Manaus se dá em função do arraste desses materiais. Como são materiais mais “pesados” que os demais, tendem em se acumular na coluna do sedimento dos corpos de água. Isso já foi registrado em trabalhos realizados na década de 1990 em Manaus. Trinta anos depois, a quantidades desses materiais acumulados deve ser ainda maior, principalmente, se for levado em conta que a cidade de Manaus quadriplicou em três décadas.

Já o fenômeno de complexação seria uma consequência da precipitação, potencializado pela diminuição da acidez natural das águas dos igarapés de Manaus. Isso denota que os metais pesados despejados por residências e por indústria em Manaus se acumula (precipita) e se complexa favorecidos pela contaminação das águas de Manaus, em ambientes cujos valores de pH saltaram de 4,5 para 6,5 em quatro décadas.

Como se sabe, na famosa frase “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” fica demonstrado que os metais pesados não somem do ambiente. Lamentavelmente ficam depositados, “escondidos” em ambientes denominados sumidouros, e hoje, os igarapés de Manaus representam muito bem a afirmação.

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