A Ameaça Invisível é o que trata o artigo Microplásticos em Nossos Corpos e a Falsa Promessa da Reciclagem. Então, você já parou para pensar que o plástico está talvez presente em sua comida, água potável e agora, cientistas temem que esteja fluindo por suas veias? Mas, um estudo recente revelou que o sangue de 17 entre 22 pessoas continha microplásticos – fragmentos de plástico menores que uma semente de gergelim.
Embora seja a primeira vez que esses pequenos pedaços de produto derivado de combustíveis fósseis chegaram ao sangue humano, a descoberta não surpreende os pesquisadores de plásticos.
O que afirma os pesquisadores sobre os plásticos
“Os plásticos estão por toda parte,” afirma Rolf Halden, diretor do Biodesign Centre for Environmental Health Engineering da Universidade Estadual do Arizona.
Então, estudos anteriores já haviam encontrado microplásticos em alimentos, água potável, fezes, placentas e pulmões humanos, além de flutuarem no ar que respiramos. Em média, estima-se que um americano ingira cerca de 50.000 partículas de microplástico anualmente e respire a mesma quantidade. Em 2021, outra pesquisa sugeriu que uma pessoa média ingere o equivalente a um cartão de crédito em plástico a cada semana.
Quais são as consequência dessa descoberta?
A princípio, as consequências para a saúde dessa exposição ainda não estão totalmente claras. Dessa forma, pesquisas vinculam produtos químicos comuns em plásticos, como bisfenol A (BPA), ftalatos e substâncias per- e polifluoroalquil (PFAS), a um aumento do risco de câncer, problemas de fertilidade, desenvolvimento e perturbação hormonal.
No entanto, a reciclagem, há muito tempo considerada uma solução popular para a poluição plástica, não está nos protegendo; alguns pesquisadores dizem que é uma distração.
“Normalmente, em festas de aniversário, sou a pessoa que não gosta muito de reciclar”, diz Marja Lamoree, uma química da Vrije Universiteit de Amsterdã que co-autorou o estudo sobre microplásticos no sangue. “Acho muito melhor substituir o tipo de plástico por uma solução mais sustentável.”
Um estudo de 2020 citado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente descobriu que menos de 10% dos 7 bilhões de toneladas métricas de resíduos plásticos em todo o mundo foram reciclados. Isso ocorre em parte porque é mais barato produzir novo plástico a partir de petróleo ou gás. Além disso, o plástico se degrada a cada vez que é reciclado, geralmente podendo ser reutilizado apenas uma ou duas vezes.
Então a reciclagem falhou?
“Reciclar, na maioria das vezes, fracassou”, argumenta Halden.
Mesmo que mais plástico fosse reciclado, isso provavelmente não impediria sua acumulação em nossos corpos. Pesquisas recentes mostram que os plásticos que usamos diariamente estão liberando partículas microscópicas e produtos químicos invisíveis em nossa comida, água e ar. Esses plásticos invisíveis não podem ser reciclados.
Estamos constantemente em contato com esses poluentes invisíveis – em nossa cadeia alimentar, roupas, têxteis domésticos e até mesmo no ar que respiramos. Substituir plásticos por materiais menos tóxicos que não persistam no ambiente por décadas ou séculos é a solução apontada por Heather Leslie, química e ecotoxicologista.
Enquanto pesquisadores trabalham em alternativas, como materiais biodegradáveis feitos de cogumelos, bambu, açúcar e resíduos de peixe, a confiança reside na capacidade humana de inovar.
“Acredito que há uma solução. Ela está no horizonte,” afirma Leslie. “Tenho toda a confiança na engenhosidade humana para alcançarmos isso.”
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