Interações entre água subterrânea e água superficial de Manaus

Interações entre água subterrânea e água superficial nas águas de Manaus: Afinal, as águas do igarapé do Quarenta infiltram para o aquífero Alter do Chão?

Anderson Lages

Dr Anderson Lages

Sabe-se que a cidade de Manaus tem centenas de igarapés espalhados por toda a cidade. Isso se deve à proximidade do aquífero em relação à superfície da cidade. Entretanto, dado o nível de degradação dos corpos de água superficiais de Manaus, uma preocupação toma conta de estudantes, profissionais e pesquisadores de recursos hídricos. Será que as águas dos igarapés contaminados se infiltram sobre o aquífero Alter do Chão, em Manaus? Quais as condições para se avaliar o grau de impacto, caso as águas de igarapés contaminados, como o Quarenta, infiltrem para o aquífero?

Em verdade, é muito plausível o desencadeamento dessas questões em Manaus. A grande questão que se apresenta é o nível de contaminação dos igarapés sobre a boa qualidade do aquífero Alter do Chão. Essas águas subterrâneas são ácidas e pouco mineralizadas. Caso se perceba, de fato, essa interação água superficial-água subterrânea, os impactos negativos serão altamente sensíveis, implicando, inclusive, nos indicadores de saúde pública. Por outro lado, Manaus utiliza prioritariamente água subterrânea, sobretudo, na periferia da cidade, com mais de um milhão de habitantes que se servem dessa água.

E quais seriam os métodos de avaliação de possíveis infiltrações de água de igarapés no aquífero em Manaus?

Métodos de avaliações das águas dos igarapés

Recentemente, foram avaliados três métodos de observação de interações água de igarapés/água subterrânea em Manaus: i)Análise estatística exploratória, com a técnica da Análise da Componente Principal, a partir de dados químicos das águas do igarapé do Quarenta e de poços próximos a este corpo de água; ii) razões iônicas dos elementos sódio, potássio, cálcio, bicarbonato, cloreto e nitrato, que geram uma razão geoquímica para as águas, como uma assinatura em específico das águas, e por fim; iii) análise isotópica, que demonstra a proveniência de um tipo de água e sua idade.

Essas técnicas possibilitaram o entendimento da interação água de igarapés e aquífero e demonstraram que, de fato, essas águas estão interagindo na região do igarapé do Quarenta, principalmente, próximo à foz deste corpo de água com o rio Negro. A Análise da Componente Principal marcou pontos do igarapé do Quarenta em que existe química similar das águas superficiais com as águas subterrâneas; as razões iônicas, por sua vez, apontaram para a semelhança geoquímica entre poços e igarapé.

Entretanto, uma dúvida restava: seria o igarapé do Quarenta que flui para o aquífero ou o aquífero que flui para as águas contaminadas do igarapé do Quarenta, promovendo uma certa diluição de componentes na química desse corpo de água? O estudo isotópico, a partir de isótopos estáveis de oxigênio, demonstrou que há sim, um fluxo, no sentido aquífero – águas do igarapé do Quarenta. Em verdade, os dados ainda são muito incipientes, mas confirmam que existe uma interação entre as águas superficiais e o aquífero em Manaus.

Entender a dinâmica dessas águas pode possibilitar em políticas de gerenciamento dos recursos hídricos em Manaus, além de fomentar o conhecimento acerca do maior aquífero de água doce do planeta – o aquífero Alter do Chão, também chamado pela UNESCO de Sistema Aquífero Grande Amazônia – SAGA. O que se sabe sobre esse vasto sistema hídrico ainda é uma pequena ponta de Iceberg, no meio da maior floresta tropical do planeta.

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